“Nenhum homem é uma ilha, sozinho em si mesmo; cada homem é parte do continente, parte do todo; se um seixo for levado pelo mar, a Europa fica menor, como se fosse um promontório, assim como se fosse uma parte de seus amigos ou mesmo sua; a morte de qualquer homem me diminui, porque eu sou parte da humanidade; e por isso, nunca procure saber por quem os sinos dobram, eles dobram por ti”. – John Donne

sábado, 17 de setembro de 2011

Estação Ecológica do Taim - 25 anos

Situada no extremo sul do RS, a Estação Ecológica do Taim é tida como a maior área de preservação ambiental do RS, é uma das maiores áreas de preservação e um dos ecossistemas mais frágeis do Brasil. A ESEC Taim atualmente abrange cerca de 11.000 hectares e está em processo de ampliação para 33.000 hectares. Fica localizada dentre os municípios de Rio Grande e Santa Vitória do Palmar, seu acesso é através da BR 471, estrada que liga a cidade de Rio Grande ao Chuí.

O Taím é conhecido como uma das áreas mais ricas em aves aquáticas da América do Sul, tem muito valor como patrimônio genético e paisagístico, devido a sua grande diversidade biológica e ecossistêmica. É lugar de abrigo, alimentação e reprodução de inúmeras espécies, é um dos criadores de maior significado ecológico do sul do Brasil. Há mais de 200 espécies de vegetais, 220 espécies de aves, 21 répteis, 8 anfíbios, 51 peixes, 28 mamíferos, diversos crustáceos, molusco e insetos, que interagem com microrganismos indispensáveis à vida.

O belo ambiente do banhado do taim é único, admirado e respeitado nos quatro cantos do mundo. Outros ambientes, também, enriquecem a paisagem da região as matas de capões, os campos, os arroios, as lagoas e as dunas que tocam o mar.

Os banhados são reservatórios de água doce, que se enchem com as chuvas de inverno e liberam água aos poucos para os ambientes do entorno nos períodos mais secos do ano. Essa variação do nível da água é fundamental para a vida das espécies que ali habitam, dentre elas, podemos destacar as capivaras, os ratões do banhado, as lontras, os répteis, os jacarés de papo amarelo, os cisnes, as garças, maçaricos e gaviões.

As grandes lagoas Mirim e Mangueira permitem a existência de pesqueiros importantes, além de servirem como para a irrigação de lavouras e para o consumo humano. Os agricultores que colhem as redes trazem jundiás, traíras, pintados, e peixes-rei. Os agricultores preparam e semeiam a terra para a produção do arroz. Outras lagoas menores, também, formam o sistema de águas do Taím, são elas: lagoa Cuiabá, das Flores, Nicola e Jacaré.

A Mata Nativa tem um lugar de destaque na paisagem do Taím, nelas encontramos espécies como a aroeira-braba, a capororoca, o araçazeiro, a corticeira, o jerivá, o butiá e os cactos, além de lindas figueiras centenárias.

A ESEC estende-se até o mar, chegando às margens da praia do Cassino, a maior praia do mundo em extensão, ao longo da praia oceânica, encontra-se o cordão litorâneo de dunas costeiras, formadas pela interação entre o vento, a areia e a vegetação. As dunas são barreiras naturais contra as invasões do mar e abrigam diferentes espécies da fauna e da flora. O tuco-tuco, a maria-farinha, insetos, sapos, lagartixas, cobras e aves, fazem das dunas sua moradia.

Na imensa praia arenosa, ampla e de suave declividade podemos observar o espetáculo de cor e movimento dos bandos de gaivotas, trinta-réis, andorinhas do mar, maçaricos, e batuíras que espalham seus sons pela vastidão da praia. São espécies residentes e migratórias de ambos os hemisférios, que procuram o local para se alimentar e procriar. Nos meses de frio, a costa é rota migratória para pinguins e mamíferos aquáticos, como a baleia-franca tartarugas e os lobos e leões-marinhos.

Sua história e sua gente

Diz a lenda, que o nome Taim foi denominado pelo índios, primeiros habitantes da região, em homenagem à deusa Itaí ou a um arroio de águas verde que deságua na lagoa Mirim. Há outros que dizem que o nome é por causa do grito do tachâ, que produz o som tahim pelo banhado adentro.

Por mais de 2.500 anos, viveram no Taím índios Charruas, Minuanos e Guaranis que com a chegada dos colonizadores europeus foram expulsos ou na sua grande maioria exterminados. Após longas disputas pelo território, Portugal e Espanha através do Tratado de Santo Idelfonso em 1777, declararam o Taím como “Campos Neutrais” ou terra de ninguém, ficando proibidos a criação de povoados e o estabelecimento de tropas ou acampamentos. Mas no ínicio do século XVIII muitos brasileiros começaram a ocupar a região que em 1721, acabou definitivamente sendo anexada ao Brasil.

Atualmente, vivem no Taim pequenas comunidades espalhadas pela planície arenosa e vivendo dos recursos locais: a pescaria, o cultivo do arroz e de pastagens, além da pecuária com suas criações de bovinos, equinos e ovinos. A Vila da Capilha, no município de Rio Grande, e a Vila Anselmi, no município de Santa Vitória do Palmar, são os vilarejos mais antigos da região. Mais recentemente foi formada a comunidade da Serraria. São pontos turísticos e históricos da região e testemunhos da história e da vida das pessoas que por ali passaram a Igreja da Capilha, a Casa Anselmi e as construções portuguesas.

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Capela da Capilha

A Estação Ecológica do Taim é administrada pelo Instituto Chico Mendes. Foi criada pelo decreto nº 92.963 de 21.07.1986. E para celebrar o seu 25º aniversário, foram organizadas inúmeras homenagens, dentre elas, Sessões Solenes na Câmara de Vereadores de Rio Grande e na Assembleia Legislativa do Estado. Além, de um seminário “ESEC Taim 25 anos – Pesquisa e Sustentabilidade” realizado no Cidec-sul da FURG nos dias 12 e 13 do corrente mês, ao qual eu tive o privilégio de participar.

Informações retiradas do folheto “TAIM Banhado de Vida” distribuído pelo NEMA (Núcleo de Educação e Monitoramento ambiental). Fotos retiradas da Internet.

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