“Nenhum homem é uma ilha, sozinho em si mesmo; cada homem é parte do continente, parte do todo; se um seixo for levado pelo mar, a Europa fica menor, como se fosse um promontório, assim como se fosse uma parte de seus amigos ou mesmo sua; a morte de qualquer homem me diminui, porque eu sou parte da humanidade; e por isso, nunca procure saber por quem os sinos dobram, eles dobram por ti”. – John Donne

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Pra Não Dizer Que Não Falei Das Flores


Pra Não Dizer Que Não Falei Das Flores
Composição: Geraldo Vandré

Caminhando e cantando
E seguindo a canção
Somos todos iguais
Braços dados ou não
Nas escolas, nas ruas
Campos, construções
Caminhando e cantando
E seguindo a canção...

Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer...(2x)

Pelos campos há fome
Em grandes plantações
Pelas ruas marchando
Indecisos cordões
Ainda fazem da flor
Seu mais forte refrão
E acreditam nas flores
Vencendo o canhão...

Refrão... (2x)

Há soldados armados
Amados ou não
Quase todos perdidos
De armas na mão
Nos quartéis lhes ensinam
Uma antiga lição:
De morrer pela pátria
E viver sem razão...

Refrão... (2x)

Nas escolas, nas ruas
Campos, construções
Somos todos soldados
Armados ou não
Caminhando e cantando
E seguindo a canção
Somos todos iguais
Braços dados ou não...

Os amores na mente
As flores no chão
A certeza na frente
A história na mão
Caminhando e cantando
E seguindo a canção
Aprendendo e ensinando
Uma nova lição...

Refrão... (2x)

sábado, 22 de maio de 2010

Bebeco Garcia, vocalista da banda Garotos da Rua, morre em Porto Alegre




O músico riograndino Bebeco Garcia morreu nesta madrugada em Porto Alegre no hospital da PUC-RS. O vocalista e guitarrista do Garotos da Rua foi operado de um tumor no cérebro, mas não resistiu às complicações pós-operatórias.



Você é tudo que eu quero
Composição: Bebeco Garcia
Gravado por Garotos da Rua-1986

Não existem mais distâncias
Que possam me levar pra mais longe
Quando você dá partida
Sua nave se perde no espaço
Eu não quero mais migalhas
Você só me abandona
Me deixa esperando na linha
Quando não me quer
Se evapora feito gás
Prá você não passo de 1 brinquedo
Logo você cansa e depois joga fora

Você é tudo que eu quero
Você é tudo que eu quero

Não consigo mais pensar
Em coisas que até pouco sonhava
Se for pra ficar contigo
Não importa se corro perigo
Não entendo pq tanta pressa
Nem pq viver desse jeito
Como é que você quer que eu ande
Se você não me dá chão pra pisar
Prá você não passo de 1 brinquedo
Logo você cansa e depois joga fora

Você é tudo que eu quero
Você é tudo que eu quero


sexta-feira, 21 de maio de 2010

Mortes na ditadura levam Estado brasileiro pela primeira vez a júri internacional


Foto de 1968 mostra detenção de suspeito durante a ditadura brasileira

O Estado brasileiro vai ao banco dos réus pela primeira vez na Corte Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA). A queixa se refere a uma fase antiga da história, mas com capítulos ainda secretos: o desaparecimento de guerrilheiros durante a ditadura militar, em vigor entre 1964 e1985. Os julgamentos acontecem nesta quinta e sexta-feira (20 e 21/05), em São José da Costa Rica.

O Estado brasileiro é acusado pelo desaparecimento forçado de pelo menos 70 pessoas, pela impunidade dos crimes e pelo não-esclarecimento da verdade sobre o que aconteceu com a Guerrilha do Araguaia. A decisão da Corte deve ser apresentada em até sete meses.

Entre as testemunhas a favor do Estado estão o ex-ministro da Justiça José Gregori e o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Paulo Sepúlveda Pertence e, como perito, o ministro Gilson Dipp, corregedor do Conselho Nacional de Justiça.

A Corte foi acionada em 1995 e aceitou o processo um ano depois. Os familiares dos guerrilheiros são representados pelo Centro pela Justiça e o Direito Internacional, pelo Grupo Tortura Nunca Mais, do Rio de Janeiro, e pela Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos de São Paulo.

As representantes das vítimas pedem que a corte determine que o Estado brasileiro investigue e processe os perpetradores das violações, determinando as responsabilidades. E que, para tanto, deixe de usar a lei de anistia que impede a investigação dos fatos e a confirmação dos responsáveis pelas graves violações aos direitos humanos

Histórico da luta judicial

Segundo o relatório da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, o Estado brasileiro, desde a manifestação no processo recebido em 26 de junho de 1996, reconhece a responsabilidade pelos fatos denunciados. No entanto, o Estado alega que há recursos internos ainda não esgotados.

Em 1982, diante da omissão do Estado e à falta de informação sobre os desaparecidos, 22 familiares representando 25 vítimas iniciaram uma ação na Justiça Federal brasileira. Eles cobravam a localização e o traslado dos restos mortais das vítimas, além do esclarecimento das circunstâncias de seus desaparecimentos.

Diante da demora do processo, os familiares então resolveram acionar a Comissão Interamericana de Direitos Humanos. O Estado brasileiro, por outro lado, alegou para a Comissão que o procedimento judicial iniciado em 1982, embora leve muitos anos, está tendo seu trâmite regular – segundo as normas brasileiras.

Ainda em 1995, a aprovação da lei 9.140 reconheceu os desaparecidos políticos como mortos e concedeu indenização de 100 a 150 mil reais para familiares das vítimas. Mas a punição dos culpados, segundo explicação oficial dada à Comissão, é impossibilitada segundo a Lei de Anistia, adotada em 1979 e ainda em vigor.

Guerrilha do Araguaia

As operações do governo militar para erradicar a chamada Guerrilha do Araguaia aconteceram entre 1972 e 1975. A região, próxima ao rio Araguaia, na divisa entre os estados do Pará, Maranhão e Tocantins, abrigava homens e mulheres ligados ao Partido Comunista do Brasil (PC do B), e camponeses locais que optaram pela luta armada.

Naquele período, os agentes da ditadura foram responsáveis por detenções ilegais e arbitrárias, torturas (muitos tiveram mãos e cabeças cortadas), execuções sumárias e desaparecimentos forçados, constituindo em graves violações aos direitos humanos.

Há 18 anos, os familiares dos desaparecidos brigam na Justiça para esclarecer as mortes, bem como a localização dos restos mortais e os respectivos atestados de óbito daqueles militantes.

Autora: Nádia Pontes

Revisão: Roselaine Wandscheer

segunda-feira, 17 de maio de 2010

João Cândido é o 1º petroleiro fabricado no Brasil após 13 anos.


Com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foi batizado e lançado ao mar o navio petroleiro João Cândido, no Porto de Suape (PE). Cerca de sete mil pessoas, a maior parte operários, participaram da cerimônia. A embarcação tem 274 metros de comprimento e capacidade para transportar um milhão de barris de petróleo. Encomendado pela Transpetro, braço logístico do grupo Petrobras, o navio foi construído pelo Estaleiro Atlântico Sul, ao custo de R$ 300 milhões.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que, durante muito tempo, o Brasil foi conhecido internacionalmente apenas pelo futebol, pelo carnaval e pela violência e que projetos como o Programa de Modernização e Expansão da Frota da Transpetro (Promef), têm mudado essa realidade.

"Duvido que algum empresário, algum embaixador brasileiro, já teve em algum outro momento tanto orgulho de dizer lá foram que é brasileiro", disse o presidente durante a solenidade de batismo do navio. Lula elogiou o esforço que empresas brasileiras estão fazendo para se internacionalizar. "Hoje temos empresas no Canadá, nos Estados Unidos e fico orgulhoso por que cada empresa brasileira nesses países é um pedacinho do Brasil fincado lá".

Primeiro navio do Promef, projeto que faz parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o João Cândido é também o primeiro navio petroleiro construído no Brasil a ser entregue ao sistema Petrobras em mais de 13 anos, fato que está sendo considerado uma marco na retomada da indústria naval brasileira. O Promef prevê a compra de 49 navios.

O nome João Cândido foi escolhido em homenagem ao almirante negro que liderou a Revolta da Chibata, movimento iniciado no Rio de Janeiro em 1910, contra a aplicação de castigos físicos a marinheiros. O filho de João Cândido estava presente ao evento.

Além de Lula e dos principais executivos da Petrobras, participaram da solenidade o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, o ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, e a pré-candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff.

Fonte:www.monitormercantil.com.br

domingo, 16 de maio de 2010


Eu e a Senhora Shirley Ferreira, única filha da tecelã Angelina Gonçalves, que na época com 10 anos estava ao lado de sua mãe durante a passeata e a viu ser alvejada e cair no chão, tendo sozinha que se proteger e fugir, no meio da multidão, até pegar um bonde e voltar para casa onde seu avô perguntou-lhe onde estava sua mãe?E ela respondeu o que havia acontecido e disse, inocentemente, que sua mãe voltaria logo.
Ao cair da noite sua madrinha veio até a casa de seu avô, o qual nunca mais viu, e a levou embora para sua proteção tiveram que esconde-lâ e dar fim a seus documentos.

História

No dia 1º de maio de 1950, em Rio Grande, foi realizado um churrasco de comemoração ao Dia do Trabalhador no local conhecido como Cassino dos Pobres, hoje Parque do Trabalhador. Lá encontravam-se trabalhadores dos diversos seguimentos laborais da época como: operários da indústria têxtil, portuários, trabalhadores da indústria da alimentação dentre outros.

Um grande número de trabalhadores após a apresentação de bandas musicais e vários discursos de oradores se dirigiu em caminhada para a sede da Sociedade União Operária, que se encontrava fechada pelo Governo. Os jornais da época falaram em 10 pessoas, quem participou relatou entre 400 e mil pessoas. O certo é que eram famílias inteiras. Mas o Departamento da Ordem Política e Social (DOPS) interceptou a multidão.

Em meio às discussões, iniciou-se um tiroteio. O resultado foi a morte com um tiro a queima roupa na cabeça da tecelã Angelina Gonçalves, que acabara de tomar de volta a bandeira brasileira que os policiais tinham retirado de outro manifestante. Outros três trabalhadores, o pedreiro Euclides Pinto, o ferroviário Osvaldino Correa e o portuário Honório Alves de Couto também são mortos a tiros. No confronto também morreu o soldado da Brigada Militar Francisco Reis.

Várias pessoas foram feridas: o vereador e estivador Antônio Rechia, ficou paralítico com um tiro na coluna, o operário Oswaldino Borges D’avila, e o também operário Amabílio dos Santos, precisaram ser hospitalizados. Muitos trabalhadores não foram aos hospitais para cuidar seus ferimentos para que não fossem presos.

No dia seguinte às mortes, houve uma grande comoção da população que acompanhou o enterro dos operários com as golas levantadas simbolizando o apoio da população aos mártires e suas causas. Os jornais da época registram que o cortejo contou com a participação de mais de cinco mil pessoas.

Partido Comunista do Brasil (PCdoB) inaugura placa com memorial em homenagem aos Trabalhadores mortos na Linha do Parque em 1º de maio de 1950.



O Partido Comunista do Brasil (PCdoB) inaugurou na manhã do último sábado, 1º de maio, uma placa com o memorial dos operários mortos no 1º de maio de 1950. A homenagem contou com a presença da srª Shirley única filha da tecelã Angelina Gonçalves, morta na ocasião com um tiro à queima-roupa no ouvido, sua filha Elisabeth, seu neto Allan e seu genro.

A homenagem era uma pretensão antiga que ainda não havia sido concretizada por falta de recursos e por falta de contato com os familiares de Angelina, pois não sabíamos onde residiam, até que Allan, neto de Shirley, nos contatou por e-mail ano passado, relatando o desejo de sua avó voltar a Rio Grande para visitar sua cidade natal, o túmulo de sua mãe e rever alguns parentes.

“É um reencontro com a história. Rio Grande foi palco de muitas lutas operárias. Eles merecem ser lembrados. Esse fato repercutiu em todo o Brasil, mas eles nunca foram lembrados como deveriam”, afirmou Julio Martins.

Além da tecelã Angelina Gonçalves o memorial homenageia o pedreiro Euclides Pinto, o portuário Honório Alves do Couto e o ferroviário Oswaldino Correa.

A cerimônia contou com a presença de um grande numero de pessoas, dentre elas, lideranças partidárias, sindicais, comunitárias e populares. Logo após o ato os presentes dirigiram-se ao Cemitério Católico para uma visita ao túmulo onde se encontra os restos mortais de Angelina e Euclides, reformado para a ocasião.

Muito emocionada, Shirley, colocou flores no túmulo de sua mãe e agradeceu ao vereador Julio Martins, ao Partido Comunista do Brasil (PCdoB), a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), aos lideres sindicais, aos trabalhadores e ao povo riograndino pela homenagem e por manterem viva a memória de Angelina Gonçalves e dos trabalhadores mortos e feridos naquela passeata de 1º de maio de 1950, dentre eles, o vereador comunista Antônio Rechia que levou um tiro e ficou paraplégico.

Sessão Solene histórica em homenagens ao Dia do Trabalhador e aos Trabalhadores Mortos na Linha do Parque em 1950.



Realizou-se sexta-feira, 30, Sessão Solene proposta pelo vereador Julio Martins (PCdoB) e aprovada por unanimidade, em Homenagem ao Dia do Trabalhador e aos Trabalhadores Mortos na Linha do Parque no 1º de Maio de 1950.

A cerimônia contou com a Presença da srª Shirley Ferreira, a única filha de Angelina, que foi Homenageada pela Câmara Municipal e pela Assembléia Legislativa recebendo a Medalha da 52ª Legislatura entregue pelo deputado Raul Carrion. "Em uma demonstração de sua barbárie repressiva, a elite dominante de então assassinou quatro lideranças operárias - o pedreiro Euclides Pinto, o portuário Honório Alves de Couto, o ferroviário Osvaldino Correia e a operária tecelã Angelina Gonçalves. Essa última, morta com um tiro no ouvido, abraçada à bandeira do Brasil e ao lado de sua filha Shirley", lembrou Carrion emocionado em seu discurso.

Muito emocionada, Shirley relatou que na época tinha 10 anos de idade e durante a passeata vinha acompanhando sua mãe que à segurava por uma mão e com a outra a Bandeira Nacional e cantavam o Hino Nacional, quando foram interceptados pela policia e começou o tiroteio viu muitas pessoas caindo no chão, inclusive Angelina, e saiu correndo em direção ao bonde, quando chegou em casa contou a seu avô o que havia acontecido e que sua mãe ficou para trás e chegaria mais tarde, pois até aquele momento não sabia que ela tinha sido alvejada com um tiro na cabeça e havia morrido. Ao cair da noite sua madrinha apareceu e a levou para casa dela onde a escondeu e a protegeu até os 13 anos quando Shirley teve que tirar nova certidão de nascimento e trocar de idade para que pudesse casar e mudar de cidade indo morar no Rio de Janeiro onde reside até hoje com seus filhos e netos.

O plenário da Câmara estava lotado por lideranças sindicais, políticas, comunitárias e populares, estiveram também presentes um grande numero de vereadores, além dos senhores Harrison Fernandes, Alejandro, e Antonio Rodrigues que participaram da passeata e das festividades em 1º de maio de 1950.

“ É um reencontro com a história. Rio Grande foi palco de muitas lutas operárias. Eles merecem ser lembrados, esse fato repercutiu em todo o Brasil, mas eles nunca foram lembrados como deveriam. A cidade de Caxias do Sul fez o 1º de maio em homenagem a eles que sacrificaram suas vidas pelo que acreditavam e hoje representam a luta pela classe operária. O 1º de maio na cidade sempre será marcado pelos fatos ocorridos em 1950, trata-se de uma marca indelével da luta dos comunistas e dos trabalhadores locais por uma sociedade mais justa e democrática”, lembrou Julio Martins.