“Nenhum homem é uma ilha, sozinho em si mesmo; cada homem é parte do continente, parte do todo; se um seixo for levado pelo mar, a Europa fica menor, como se fosse um promontório, assim como se fosse uma parte de seus amigos ou mesmo sua; a morte de qualquer homem me diminui, porque eu sou parte da humanidade; e por isso, nunca procure saber por quem os sinos dobram, eles dobram por ti”. – John Donne

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

O matadouro morreu!

Pessoal como eu estou em férias não estou tendo muito assunto para colocar no blog, foi então que tive a idéia de fazer (tipo) uma retrospectiva das matérias mais antigas e vou começar com essa matéria que eu achei umas das melhores que eu já fiz sobre o antigo matadouro que é um prédio público histórico e que está completamente abandonado. Essa matéria foi postada em 19.12.2010.


Sou morador do bairro matadouro desde que nasci, lembro da minha infância jogando bola no campo ao lado do Centro Social Urbano onde havia um imponente prédio construído em 1904 onde vivemos grandes momentos de lazer, cultura, esporte e educação, pois, lá no interior deste prédio jogávamos ping-pong, damas, xadrez e muitos outros jogos recreativos.

Havia também, anexo, uma quadra de piso de cimento bruto onde jogávamos futebol, muitas vezes com 15 ou 20 garotos para cada lado, mas era uma alegria todos correndo atrás da bola e tentando marcar um gol, menos eu que era goleiro, vez por outra também utilizávamos essa quadra para jogar handebol, vôlei e lembro que em algumas épocas jogávamos até Tênis com raquetes feitas de madeiras velhas tiradas de caixa de frutas.

Já na minha adolescência nesse local houve uma época onde aos domingos havia uma discoteca para jovens, que nos anos oitenta chama-se mingau ou mamão com açúcar, pois o horário da festa era das 16:00 até as 23:00 horas.

Lembro também das comemorações do dia do pescador, realizadas lá, onde ao meio dia era vendida anchova assada e a tarde tinha um grande bailão gauchesco onde todos podiam entrar de graça e dançar até a noite naquele vasto salão.

Há alguns anos atrás a Secretaria Municipal de Cidadania e Assistência Social utilizou o local para criar o CENCA – Centro Municipal da Criança e do adolescente, e fez as modificações necessárias no interior do prédio criando alojamentos, cozinha, banheiros e etc.

Hoje, todos os dias eu passo por ali e vejo o descaso da administração municipal com o local que está totalmente abandonado, com as portas dianteira e lateral abertas e quebradas, o telhado caindo, as janelas todas quebradas ou arrancadas.

No interior do prédio as salas também estão todas com paredes quebradas, sem janelas, sem portas e cheio de entulho. Servindo apenas para ponto de encontro de vagabundos, consumo de drogas e esconderijo de ladrões e assaltantes. Ou seja, tornou-se um lugar perigoso!

Lembro que isso já aconteceu com o imóvel que pertence ao município localizado na rua 1º de maio onde funcionava a antiga Leilasa e também com o Hipódromo da rua Jóquei Club, mas o prado era particular.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

16ª Marcha dos Sem em Porto Alegre

Na parte da tarde de ontem, participei da 16ª Marcha dos Sem que esse ano teve como tema: "Desenvolvimento Sustentável - Distribuição de renda, políticas públicas e controle social".
Organizada pelos movimentos sociais e de trabalhadores a marcha de POA saiu da Avenida Farrapos em direção a praça da Matriz onde fica a Assembleia Legislativa o Palácio Piratini.
A redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais,10% do PIB para educação, reforma urbana e a desburocratização da Caixa Econômica Federal nos programas para moradia popular foram demandadas, além, da implantação do Piso Nacional da Educação no estado.

O governador Tarso Genro após assistir pela janela de seu gabinete a chegada da marcha, desceu e recebeu um grupo dos manifestantes que queriam entregar-lhe um documento com as reinvidações, Tarso quis receber o documento em cima do caminhão de som e falar aos participantes da marcha, mas foi impedido pelos organizadores por entenderem que aquele é um espaço dos trabalhadores e não de patrão.

Tarso Genro que quando foi ministro da educação no governo Lula criou o Piso Nacional dos Professores, mas até agora com 10 meses de governo ainda não cumpriu sua promessa de campanha, fato esse que desagrada a categoria que está prometendo entrar em greve.

“Foi uma marcha extremamente positiva, principalmente pelo momento que estamos vivendo em nosso país e em nosso Estado, de luta pela ascensão do movimento social”, avaliou o presidente da CTB-RS, Guiomar Vidor.


terça-feira, 25 de outubro de 2011

Vladimir Herzog - "Resistir é Preciso"

Vlado Herzog nascido na Iugoslávia (atual Croácia) em 27 de junho de 1937, filho de um casal judeu que com o intuito de escaparem do Estado Independente da Croácia que era controlado pela Alemanha Nazista e pela Itália Facista decidiram emigrar para o Brasil na década de 40.
Herzog se formou em filosofia pela USP em 1959. Trabalhou em importantes órgãos de imprensa no Brasil, nessa época resolveu passar a assinar “Vladimir” por achar que “Vlado” era muito exótico. Na década de 1970, assumiu a direção do departamento de telejornalismo da TV Cultura, de São Paulo. Também foi professor da Escola de Comunicações e Artes da USP e, nessa época, também atuou como dramaturgo, envolvido com intelectuais de teatro. Em sua maturidade, Vladimir passou a atuar politicamente no movimento de resistência contra a ditadura militar no Brasil (1964-1985), como também no Partido Comunista Brasileiro (PCdoB).

"Quando perdermos a capacidade de nos indignarmos com as atrocidades praticadas contra outros, perdemos também o direito de nos considerarmos seres humanos civilizados" - Vladimir Herzog

Em 24 de outubro de 1975 agentes do II Exército convocaram Vladimir para prestar depoimento sobre as ligações que ele mantinha com o Partido Comunista Brasileiro (que era proibido pela ditadura). No dia seguinte, Herzog compareceu espontaneamente ao pedido. Durante o depoimento Herzog foi brutalmente torturado e espancado até a morte. Ele estava preso com mais dois jornalistas, George Benigno Duque Estrada e Rodolfo Konder, que confirmaram o espancamento.

No dia seguinte, Vladimir foi encontrado enforcado com a gravata de sua própria roupa. Embora a causa oficial do óbito, divulgada pelo governo ditatorial da época, tenha sido suicídio por enforcamento, há consenso na sociedade brasileira de que ela resultou de tortura, com suspeição sobre servidores do DOI-CODI, que teriam posto o corpo na posição encontrada, pois as fotos exibidas mostram Vlado enforcado. Porém, nas fotos divulgadas há várias inverossimilhanças. Uma delas é o fato de que ele se enforcou com um cinto, coisa que os prisioneiros do DOI-CODI não possuíam. Além disso, suas pernas estão dobradas e no seu pescoço há duas marcas de enforcamento, o que mostra que supostamente sua morte foi feita por estrangulamento. Na época, era comum que o governo militar ditatorial divulgasse que as vítimas de suas torturas e assassinatos haviam perecido por "suicídio".

Sua morte causou impacto na ditadura militar brasileira e na sociedade da época, marcando o início de um processo pela redemocratização do país. Segundo o jornalista Sérgio Gomes, Vladimir Herzog é um "símbolo da luta pela democracia, pela liberdade, pela justiça." Gerou uma onda de protestos de toda a imprensa mundial, mobilizando e iniciando um processo internacional em prol dos direitos humanos na América Latina, em especial no Brasil, a morte de Herzog impulsionou fortemente o movimento pelo fim da ditadura militar brasileira. Após a morte de Herzog, grupos intelectuais, agindo em jornais e etc., e grupos de atores, no teatro, como também o povo, nas ruas, se empenharam na resistência contra a ditadura do Brasil. Diante da agonia de saber se Herzog havia se suicidado ou se havia sido morto pelo Estado, criaram-se comportamentos e atitudes sociais de revolução. Em 1976, por exemplo, Gianfrancesco Guarnieri escreveu Ponto de Partida, espetáculo teatral que tinha o objetivo de mostrar a dor e a indignação da sociedade brasileira diante do ocorrido.

[...] Poderosos e dominados estão perplexos e hesitantes, impotentes e angustiados. Contendo justos gestos de ódio e revolta, taticamente recuando diante de forças transitoriamente invencíveis. Um dia os tempos serão outros. Diante de um homem morto, todos precisam se definir. Ninguém pode permanecer indiferente. A morte de um amigo é a de todos nós. Sobre tudo quando é o Velho que assassina o Novo. - Gianfrancesco Guarnieri

Vladimir era casado com a publicitária Clarice Herzog, com quem tinha dois filhos. Com a morte do marido, Clarice passou por maus momentos, com medo e opressão teve que contar para os filhos pequenos o que havia ocorrido com o pai. A mulher, três anos depois, conseguiu que a União fosse responsabilizada, de forma judicial, pela morte do esposo.

Em 2009 o jornal Folha de São Paulo em seu editorial de 17 de fevereiro com o claro objetivo de amenizar as atrocidades cometidas pelo regime militar, classificou-o como "ditabranda", fato esse que gerou muita indignação e protestos, servindo apenas para demonstrar claramente a "simpatia" que esse jornal tinha pela DITADURA militar.

Foto de Herzog morto e a charge de Latuff ironizando as declarações do Jornal Folha de São Paulo.

Hoje, 36 anos após sua morte, o Ministério da Cultura e o instituto Vladimir Herzog lançam o livro As Capas dessa História".

São José do Norte, a “Mui Heróica Villa” está completando hoje 180 anos de história

A vila de São José do Norte foi criada em 25 de outubro de 1831, logo após a emancipação do município. No dia 16 de julho de 1840 travou-se uma das batalhas mais sangrentas da Revolução Farroupilha e pelo bravo desempenho da guarnição local contra os Farrapos, o Rei Dom Pedro II agraciou SJN com o honroso título de "Mui Heróica Villa” no dia 31 de julho de 1841. Em de março de 1938, a vila de São José do Norte foi elevada a cidade.

Visitando essa pequena, mas linda e aconchegante cidade, damos uma volta ao passado, assim como Rio Grande, São José Norte é caracterizada pela arquitetura e pelo legado deixado pela colonização portuguesa, andando pelas ruas encontramos vários casarões históricos do século passado. Aqueles que fazem a travessia, que de lancha dura 30 minutos, se encantam com a beleza da Lagoa dos Patos, além das lindas paisagens dignas de cartões postais que desfrutamos, de Rio Grande eu destaco a vista do Porto Velho tendo ao fundo antigos casarões e o prédio da alfândega, e em São José do Norte destaco a linda vista da cidade, as torres da Igreja Matriz e a bela paisagem no cais que ao entardecer fica ainda mais exuberante.

Na verdade, as duas cidades parecem que são uma só, o povo e seus costumes são muito parecidos e estamos sempre muito conectados, pois, centenas de nortenses vêm trabalhar, estudar e fazer compras no nosso município. Esse momento importante de desenvolvimento que Rio Grande vive hoje com a implantação do Polo Naval, ou Indústria Oceânica como está sendo chamada agora, será vivido também em SJN, num futuro bem próximo com a instalação do Estaleiro EBR para construção de plataformas que gerará milhares de empregos.

A cidade de SJN se orgulha e homenageia um de seus moradores mais ilustres, Joaquim Marques Lisboa, O Almirante Tamandaré, que nasceu em Rio Grande, mas passou sua infância no município. Tamandaré por seus serviços a Pátria terem sidos reconhecidos pelo Império recebeu o título de Marquês de Tamandaré, é considerado um herói nacional e patrono da Marinha de Guerra do Brasil. O dia de seu nascimento, 13 de dezembro é lembrado como Dia do Marinheiro.

Abaixo estou postando algumas das fotos que tirei em minhas andanças por lá, infelizmente não tenho fotos da bela praia do mar grosso, que tanto ouço falar, mas ainda não tive a oportunidade de conhecer. Na primeira foto podemos ver a linda paisagem dos barcos pesqueiros
ancorados e ao fundo a cidade de Rio Grande.

Sobrado Chaffic construído em 1816.
Casa Castro ou Hotel do Amaral foi construída em 1840
Solar dos imperadores construído em 1800, hospedou Dom Pedro I em 1826 e Dom Pedro II e a Imperatriz Dona Tereza Cristina em 1845 que na oportunidade vieram conhecer a vila que bravamente resistiu a invasão dos Farroupilhas e na oportunidade Dom Pedro II oficializou o título de "Mui Heróica Villa". Seria de vital importância que se fossem conseguidos recursos para o restauro desse importante patrimônio histórico que encontrasse em degradação.

Casa de cultura construída em 1835, nesse prédio somente a pintura não é a original.

Loja Maçônica.
Monumento em homenagem a Joaquim Marquês Lisboa, o Almirante e Marquês de Tamandaré.
Marco do Forte de SJN construído pelos espanhóis em 1765 e conquistado pelos luso-brasileiros em 1767.
Monumento em homenagem ao Herói Farroupilha Giuseppe Garibaldi.

Localizada na Praça Intendente Francisco José Pereira, a Igreja Matriz São José foi construída em 1840 e teve sua inauguração em 1860. No início o nome da Matriz era Nossa Senhora dos Navegantes, algum tempo depois passou a chamar-se Igreja Matriz de São José e em 1875 recebeu a imagem da Nossa Senhora dos Navegantes vinda da Bahia. A primeira missa foi rezada pelo Vigário Francisco Rodrigues e pelos Padres José Joaquim Teixeira e José Antônio de Almeida Silva.

Esse daí sou eu vislumbrando esse belíssimo cenário natural e é claro estragando a cena...

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Imagens do dia 04.10.2011

No fim de semana, enquanto aguardava o horário da saída da lancha para São José do Norte fui dar uma voltinha na praça Xavier Ferreira, e como sempre, tirei uma fotos que reproduzo aqui pra vocês.