“Nenhum homem é uma ilha, sozinho em si mesmo; cada homem é parte do continente, parte do todo; se um seixo for levado pelo mar, a Europa fica menor, como se fosse um promontório, assim como se fosse uma parte de seus amigos ou mesmo sua; a morte de qualquer homem me diminui, porque eu sou parte da humanidade; e por isso, nunca procure saber por quem os sinos dobram, eles dobram por ti”. – John Donne

sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

FELIZ ANO NOVO

FELIZ ANO NOVO!!!

Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor de arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser,
novo até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens? passa telegrama?).
Não precisa chorar de arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto da esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um ano novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.

Carlos Drummond de Andrade

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Poema de Natal

Para isso fomos feitos:Para lembrar e ser lembrados
Para chorar e fazer chorar
Para enterrar os nossos mortos
Por isso temos braços longos para os adeuses
Mãos para colher o que foi dado
Dedos para cavar a terra.

Assim será nossa vida:Uma tarde sempre a esquecer
Uma estrela a se apagar na treva...Um caminho entre dois túmulos
Por isso precisamos velar...
Falar baixo,pisar leve,ver

A noite dormir em silêncio.
Não há muito o que dizer:Uma canção sobre um berço
Um verso,talvez de amor
Uma prece por quem se vai.Mas que essa hora não esqueça

E por ela os nossos corações
Se deixem,graves e simples.
Pois para isso fomos feitos:Para a esperança no milagre
Para a participação da poesia
Para ver a face da morte.De repente nunca mais esperaremos...
Hoje a noite é jovem;da morte apenas
Nascemos, imensamente.

Retirado de www.belasmensagens.com.br

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Livro-reportagem denuncia ”embargo midiático” e econômico a Cuba

Por Ana Helena Tavares - do Rio de Janeiro

Depois de quase 50 anos de embargo econômico imposto pelos Estados Unidos, a ilha de Cuba caminha agora para reformas que buscam tornar mais fácil resistir à política de sufocamento norte-americana. No entanto, além da economia, o regime cubano enfrenta cada vez mais um bloqueio midiático, por parte da grande imprensa, que filtra a maioria das informações e publica apenas notícias negativas sobre o país.

Esta é a tese defendida pelo jornalista Mario Augusto Jakobskind, que ele expõe em seu livro Cuba: apesar do bloqueio, lançado nesta terça-feira na sede da Associação Brasileira de Imprensa, no Rio de Janeiro. A obra é uma atualização de outro livro que o autor já tinha escrito em 1984, quando esteve em Cuba. O jornalista, que foi editor de Internacional do jornal Tribuna da Imprensa por 15 anos e hoje colabora com a mídia alternativa, escreveu o livro como uma tentativa furar esse embargo de informações.

Jacobskind, que é representante da ABI no conselho curador da Empresa Brasil de Comunicações (EBC), afirmou nesta entrevista que, atualmente, “o Brasil se faz presente em Cuba”, que o mito da “ditadura” cubana não se sustenta e que a cobertura da mídia “não reflete essa realidade”.

– Como você definiria esse livro?
– Eu o entendo como uma extensa reportagem sobre um país pouco conhecido pelo mundo. Traz uma visão vasta que não se encontra em nenhum grande jornal ou revista – na mídia tradicional, na mídia de mercado. É um desdobramento de um livro que escrevi quando estive lá pela primeira vez, em 1984, e a revolução cubana completava 25 anos. Naquele livro, havia prefácios do Henfil e do João Saldanha (ambos já falecidos). Era outro momento. Ano passado, algumas pessoas insistiram para que eu reeditasse. Claro que teria que haver uma atualização. Este que lanço hoje é praticamente um novo livro, pois a revolução cubana já tem 51 anos. A idéia é furar o esquema de bloqueio midiático através de uma ampla reportagem sobre fatos que eu presenciei, tendo morado lá por um ano.

– Cuba mudou muito de 1984 para cá?
– A questão é que o mundo mudou completamente, mas Cuba continua bloqueada… Uma situação sem precedentes na história contemporânea. Agora, há uma diferença considerável na relação diplomática e comercial do Brasil com Cuba. Isto avançou muito durante os oito anos de governo Lula. Em 1984, era bem mais difícil para os brasileiros que queriam visitar a ilha, enquanto hoje o Brasil se faz presente em Cuba. Desde a reconstrução do Porto de Mariel até as atividades do centro artístico Gaia (em Havana).

– Você falou em “bloqueio midiático”. Que paralelo faria deste com o bloqueio econômico imposto pelos EUA?
– Ambos são implacáveis. O bloqueio econômico influi no país internamente, impondo muitas restrições e prejudicando o padrão de vida dos cubanos. O midiático é a desinformação externa, que cria no mundo um senso comum que demoniza Cuba. A imprensa mundial não se cansa de dizer que lá é “uma ditadura”, chegam ao absurdo de chamar de “ditadura dos irmãos Castro” (diz, balançando a cabeça negativamente). Isso não reflete a realidade.

– Como você definiria Cuba?
– Uma ilha, vizinha dos Estados Unidos, que fez sua opção pelo socialismo, onde o comércio conseguiu sobreviver ao fim da União Soviética, com extrema dificuldade. Fadada ao fracasso – quantos no mundo já decretaram sua ruína – a ilha não acabou, continua aí. Apesar do bloqueio.

– Deriva daí o nome do livro?
– Sem dúvida. E digo que esse seria o título de uma matéria de fôlego longo que eu gostaria de ver em nossa grande imprensa, mas não teria espaço…

Fonte: Correio do Brasil

terça-feira, 28 de setembro de 2010

28 de setembro Dia da Internacional

A casa de Londres onde o Conselho da Internacional se reunia em 1868-1872

Fundada em Londres, por iniciativa de Karl Marx, a Associação Internacional dos Trabalhadores (1ª Internacional). Ampla, abarca não só os partidários do socialismo científico, mas também proudhonianos, bakuninistas, blanquistas, entidades sindicais e até setores positivistas. Atuará até 1876.

A Associação Internacional dos Trabalhadores, esboçada em 1862, em Paris, e nascida formalmente em Londres, em setembro de 1864, tinha como objetivo a luta pelo o progresso e pela emancipação humana. Com a Internacional, fundada por iniciativa dos poucos que naquela época compreendiam a verdadeira natureza da questão social e a necessidade de subtrair os trabalhadores à direção dos partidos burgueses, começou uma era nova. Os trabalhadores, que tinham sido sempre força bruta seguindo os outros, bem ou mal intencionados, surgiam como fator principal da história humana e, ao lutar pela própria emancipação, lutavam pelo progresso humano, pela fundação de uma civilização superior.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Lixo vindo da Alemanha é encontrado em porto no RS (Rio Grande)


Uma carga de 22 toneladas de lixo embarcada na Alemanha foi interceptada pela Receita Federal no Porto de Rio Grande, no Rio Grande do Sul, em 3 de agosto. De acordo com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) o contêiner, que deveria trazer plástico para reciclagem, trazia lixo doméstico.

Entre os materiais encontrados, ainda segundo o Ibama, havia embalagens de produtos de limpeza, fraldas descartáveis e resíduos contaminados. Segundo o Instituto, só é permitida a importação de resíduos de origem industrial, sem matéria orgânica, para evitar contaminação.

A transportadora responsável pela carga foi multada pelo Ibama em R$ 1,5 milhão. A empresa importadora, com sede em Esteio (RS), também recebeu multa, no valor de R$ 400 mil.

O Ibama enviou, na segunda-feira (16), uma notificação à transportadora, que tem dez dias após o recebimento do documento para levar a carga novamente para a Alemanha. Até as 13h desta terça-feira (17), a transportadora não havia confirmado o recebimento da notificação.

Fonte: Portal G1- Foto: AAF/Ibama/Heitor Peretti

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Pra Não Dizer Que Não Falei Das Flores


Pra Não Dizer Que Não Falei Das Flores
Composição: Geraldo Vandré

Caminhando e cantando
E seguindo a canção
Somos todos iguais
Braços dados ou não
Nas escolas, nas ruas
Campos, construções
Caminhando e cantando
E seguindo a canção...

Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer...(2x)

Pelos campos há fome
Em grandes plantações
Pelas ruas marchando
Indecisos cordões
Ainda fazem da flor
Seu mais forte refrão
E acreditam nas flores
Vencendo o canhão...

Refrão... (2x)

Há soldados armados
Amados ou não
Quase todos perdidos
De armas na mão
Nos quartéis lhes ensinam
Uma antiga lição:
De morrer pela pátria
E viver sem razão...

Refrão... (2x)

Nas escolas, nas ruas
Campos, construções
Somos todos soldados
Armados ou não
Caminhando e cantando
E seguindo a canção
Somos todos iguais
Braços dados ou não...

Os amores na mente
As flores no chão
A certeza na frente
A história na mão
Caminhando e cantando
E seguindo a canção
Aprendendo e ensinando
Uma nova lição...

Refrão... (2x)

sábado, 22 de maio de 2010

Bebeco Garcia, vocalista da banda Garotos da Rua, morre em Porto Alegre




O músico riograndino Bebeco Garcia morreu nesta madrugada em Porto Alegre no hospital da PUC-RS. O vocalista e guitarrista do Garotos da Rua foi operado de um tumor no cérebro, mas não resistiu às complicações pós-operatórias.



Você é tudo que eu quero
Composição: Bebeco Garcia
Gravado por Garotos da Rua-1986

Não existem mais distâncias
Que possam me levar pra mais longe
Quando você dá partida
Sua nave se perde no espaço
Eu não quero mais migalhas
Você só me abandona
Me deixa esperando na linha
Quando não me quer
Se evapora feito gás
Prá você não passo de 1 brinquedo
Logo você cansa e depois joga fora

Você é tudo que eu quero
Você é tudo que eu quero

Não consigo mais pensar
Em coisas que até pouco sonhava
Se for pra ficar contigo
Não importa se corro perigo
Não entendo pq tanta pressa
Nem pq viver desse jeito
Como é que você quer que eu ande
Se você não me dá chão pra pisar
Prá você não passo de 1 brinquedo
Logo você cansa e depois joga fora

Você é tudo que eu quero
Você é tudo que eu quero


sexta-feira, 21 de maio de 2010

Mortes na ditadura levam Estado brasileiro pela primeira vez a júri internacional


Foto de 1968 mostra detenção de suspeito durante a ditadura brasileira

O Estado brasileiro vai ao banco dos réus pela primeira vez na Corte Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA). A queixa se refere a uma fase antiga da história, mas com capítulos ainda secretos: o desaparecimento de guerrilheiros durante a ditadura militar, em vigor entre 1964 e1985. Os julgamentos acontecem nesta quinta e sexta-feira (20 e 21/05), em São José da Costa Rica.

O Estado brasileiro é acusado pelo desaparecimento forçado de pelo menos 70 pessoas, pela impunidade dos crimes e pelo não-esclarecimento da verdade sobre o que aconteceu com a Guerrilha do Araguaia. A decisão da Corte deve ser apresentada em até sete meses.

Entre as testemunhas a favor do Estado estão o ex-ministro da Justiça José Gregori e o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Paulo Sepúlveda Pertence e, como perito, o ministro Gilson Dipp, corregedor do Conselho Nacional de Justiça.

A Corte foi acionada em 1995 e aceitou o processo um ano depois. Os familiares dos guerrilheiros são representados pelo Centro pela Justiça e o Direito Internacional, pelo Grupo Tortura Nunca Mais, do Rio de Janeiro, e pela Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos de São Paulo.

As representantes das vítimas pedem que a corte determine que o Estado brasileiro investigue e processe os perpetradores das violações, determinando as responsabilidades. E que, para tanto, deixe de usar a lei de anistia que impede a investigação dos fatos e a confirmação dos responsáveis pelas graves violações aos direitos humanos

Histórico da luta judicial

Segundo o relatório da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, o Estado brasileiro, desde a manifestação no processo recebido em 26 de junho de 1996, reconhece a responsabilidade pelos fatos denunciados. No entanto, o Estado alega que há recursos internos ainda não esgotados.

Em 1982, diante da omissão do Estado e à falta de informação sobre os desaparecidos, 22 familiares representando 25 vítimas iniciaram uma ação na Justiça Federal brasileira. Eles cobravam a localização e o traslado dos restos mortais das vítimas, além do esclarecimento das circunstâncias de seus desaparecimentos.

Diante da demora do processo, os familiares então resolveram acionar a Comissão Interamericana de Direitos Humanos. O Estado brasileiro, por outro lado, alegou para a Comissão que o procedimento judicial iniciado em 1982, embora leve muitos anos, está tendo seu trâmite regular – segundo as normas brasileiras.

Ainda em 1995, a aprovação da lei 9.140 reconheceu os desaparecidos políticos como mortos e concedeu indenização de 100 a 150 mil reais para familiares das vítimas. Mas a punição dos culpados, segundo explicação oficial dada à Comissão, é impossibilitada segundo a Lei de Anistia, adotada em 1979 e ainda em vigor.

Guerrilha do Araguaia

As operações do governo militar para erradicar a chamada Guerrilha do Araguaia aconteceram entre 1972 e 1975. A região, próxima ao rio Araguaia, na divisa entre os estados do Pará, Maranhão e Tocantins, abrigava homens e mulheres ligados ao Partido Comunista do Brasil (PC do B), e camponeses locais que optaram pela luta armada.

Naquele período, os agentes da ditadura foram responsáveis por detenções ilegais e arbitrárias, torturas (muitos tiveram mãos e cabeças cortadas), execuções sumárias e desaparecimentos forçados, constituindo em graves violações aos direitos humanos.

Há 18 anos, os familiares dos desaparecidos brigam na Justiça para esclarecer as mortes, bem como a localização dos restos mortais e os respectivos atestados de óbito daqueles militantes.

Autora: Nádia Pontes

Revisão: Roselaine Wandscheer

segunda-feira, 17 de maio de 2010

João Cândido é o 1º petroleiro fabricado no Brasil após 13 anos.


Com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foi batizado e lançado ao mar o navio petroleiro João Cândido, no Porto de Suape (PE). Cerca de sete mil pessoas, a maior parte operários, participaram da cerimônia. A embarcação tem 274 metros de comprimento e capacidade para transportar um milhão de barris de petróleo. Encomendado pela Transpetro, braço logístico do grupo Petrobras, o navio foi construído pelo Estaleiro Atlântico Sul, ao custo de R$ 300 milhões.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que, durante muito tempo, o Brasil foi conhecido internacionalmente apenas pelo futebol, pelo carnaval e pela violência e que projetos como o Programa de Modernização e Expansão da Frota da Transpetro (Promef), têm mudado essa realidade.

"Duvido que algum empresário, algum embaixador brasileiro, já teve em algum outro momento tanto orgulho de dizer lá foram que é brasileiro", disse o presidente durante a solenidade de batismo do navio. Lula elogiou o esforço que empresas brasileiras estão fazendo para se internacionalizar. "Hoje temos empresas no Canadá, nos Estados Unidos e fico orgulhoso por que cada empresa brasileira nesses países é um pedacinho do Brasil fincado lá".

Primeiro navio do Promef, projeto que faz parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o João Cândido é também o primeiro navio petroleiro construído no Brasil a ser entregue ao sistema Petrobras em mais de 13 anos, fato que está sendo considerado uma marco na retomada da indústria naval brasileira. O Promef prevê a compra de 49 navios.

O nome João Cândido foi escolhido em homenagem ao almirante negro que liderou a Revolta da Chibata, movimento iniciado no Rio de Janeiro em 1910, contra a aplicação de castigos físicos a marinheiros. O filho de João Cândido estava presente ao evento.

Além de Lula e dos principais executivos da Petrobras, participaram da solenidade o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, o ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, e a pré-candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff.

Fonte:www.monitormercantil.com.br

domingo, 16 de maio de 2010


Eu e a Senhora Shirley Ferreira, única filha da tecelã Angelina Gonçalves, que na época com 10 anos estava ao lado de sua mãe durante a passeata e a viu ser alvejada e cair no chão, tendo sozinha que se proteger e fugir, no meio da multidão, até pegar um bonde e voltar para casa onde seu avô perguntou-lhe onde estava sua mãe?E ela respondeu o que havia acontecido e disse, inocentemente, que sua mãe voltaria logo.
Ao cair da noite sua madrinha veio até a casa de seu avô, o qual nunca mais viu, e a levou embora para sua proteção tiveram que esconde-lâ e dar fim a seus documentos.

História

No dia 1º de maio de 1950, em Rio Grande, foi realizado um churrasco de comemoração ao Dia do Trabalhador no local conhecido como Cassino dos Pobres, hoje Parque do Trabalhador. Lá encontravam-se trabalhadores dos diversos seguimentos laborais da época como: operários da indústria têxtil, portuários, trabalhadores da indústria da alimentação dentre outros.

Um grande número de trabalhadores após a apresentação de bandas musicais e vários discursos de oradores se dirigiu em caminhada para a sede da Sociedade União Operária, que se encontrava fechada pelo Governo. Os jornais da época falaram em 10 pessoas, quem participou relatou entre 400 e mil pessoas. O certo é que eram famílias inteiras. Mas o Departamento da Ordem Política e Social (DOPS) interceptou a multidão.

Em meio às discussões, iniciou-se um tiroteio. O resultado foi a morte com um tiro a queima roupa na cabeça da tecelã Angelina Gonçalves, que acabara de tomar de volta a bandeira brasileira que os policiais tinham retirado de outro manifestante. Outros três trabalhadores, o pedreiro Euclides Pinto, o ferroviário Osvaldino Correa e o portuário Honório Alves de Couto também são mortos a tiros. No confronto também morreu o soldado da Brigada Militar Francisco Reis.

Várias pessoas foram feridas: o vereador e estivador Antônio Rechia, ficou paralítico com um tiro na coluna, o operário Oswaldino Borges D’avila, e o também operário Amabílio dos Santos, precisaram ser hospitalizados. Muitos trabalhadores não foram aos hospitais para cuidar seus ferimentos para que não fossem presos.

No dia seguinte às mortes, houve uma grande comoção da população que acompanhou o enterro dos operários com as golas levantadas simbolizando o apoio da população aos mártires e suas causas. Os jornais da época registram que o cortejo contou com a participação de mais de cinco mil pessoas.

Partido Comunista do Brasil (PCdoB) inaugura placa com memorial em homenagem aos Trabalhadores mortos na Linha do Parque em 1º de maio de 1950.



O Partido Comunista do Brasil (PCdoB) inaugurou na manhã do último sábado, 1º de maio, uma placa com o memorial dos operários mortos no 1º de maio de 1950. A homenagem contou com a presença da srª Shirley única filha da tecelã Angelina Gonçalves, morta na ocasião com um tiro à queima-roupa no ouvido, sua filha Elisabeth, seu neto Allan e seu genro.

A homenagem era uma pretensão antiga que ainda não havia sido concretizada por falta de recursos e por falta de contato com os familiares de Angelina, pois não sabíamos onde residiam, até que Allan, neto de Shirley, nos contatou por e-mail ano passado, relatando o desejo de sua avó voltar a Rio Grande para visitar sua cidade natal, o túmulo de sua mãe e rever alguns parentes.

“É um reencontro com a história. Rio Grande foi palco de muitas lutas operárias. Eles merecem ser lembrados. Esse fato repercutiu em todo o Brasil, mas eles nunca foram lembrados como deveriam”, afirmou Julio Martins.

Além da tecelã Angelina Gonçalves o memorial homenageia o pedreiro Euclides Pinto, o portuário Honório Alves do Couto e o ferroviário Oswaldino Correa.

A cerimônia contou com a presença de um grande numero de pessoas, dentre elas, lideranças partidárias, sindicais, comunitárias e populares. Logo após o ato os presentes dirigiram-se ao Cemitério Católico para uma visita ao túmulo onde se encontra os restos mortais de Angelina e Euclides, reformado para a ocasião.

Muito emocionada, Shirley, colocou flores no túmulo de sua mãe e agradeceu ao vereador Julio Martins, ao Partido Comunista do Brasil (PCdoB), a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), aos lideres sindicais, aos trabalhadores e ao povo riograndino pela homenagem e por manterem viva a memória de Angelina Gonçalves e dos trabalhadores mortos e feridos naquela passeata de 1º de maio de 1950, dentre eles, o vereador comunista Antônio Rechia que levou um tiro e ficou paraplégico.

Sessão Solene histórica em homenagens ao Dia do Trabalhador e aos Trabalhadores Mortos na Linha do Parque em 1950.



Realizou-se sexta-feira, 30, Sessão Solene proposta pelo vereador Julio Martins (PCdoB) e aprovada por unanimidade, em Homenagem ao Dia do Trabalhador e aos Trabalhadores Mortos na Linha do Parque no 1º de Maio de 1950.

A cerimônia contou com a Presença da srª Shirley Ferreira, a única filha de Angelina, que foi Homenageada pela Câmara Municipal e pela Assembléia Legislativa recebendo a Medalha da 52ª Legislatura entregue pelo deputado Raul Carrion. "Em uma demonstração de sua barbárie repressiva, a elite dominante de então assassinou quatro lideranças operárias - o pedreiro Euclides Pinto, o portuário Honório Alves de Couto, o ferroviário Osvaldino Correia e a operária tecelã Angelina Gonçalves. Essa última, morta com um tiro no ouvido, abraçada à bandeira do Brasil e ao lado de sua filha Shirley", lembrou Carrion emocionado em seu discurso.

Muito emocionada, Shirley relatou que na época tinha 10 anos de idade e durante a passeata vinha acompanhando sua mãe que à segurava por uma mão e com a outra a Bandeira Nacional e cantavam o Hino Nacional, quando foram interceptados pela policia e começou o tiroteio viu muitas pessoas caindo no chão, inclusive Angelina, e saiu correndo em direção ao bonde, quando chegou em casa contou a seu avô o que havia acontecido e que sua mãe ficou para trás e chegaria mais tarde, pois até aquele momento não sabia que ela tinha sido alvejada com um tiro na cabeça e havia morrido. Ao cair da noite sua madrinha apareceu e a levou para casa dela onde a escondeu e a protegeu até os 13 anos quando Shirley teve que tirar nova certidão de nascimento e trocar de idade para que pudesse casar e mudar de cidade indo morar no Rio de Janeiro onde reside até hoje com seus filhos e netos.

O plenário da Câmara estava lotado por lideranças sindicais, políticas, comunitárias e populares, estiveram também presentes um grande numero de vereadores, além dos senhores Harrison Fernandes, Alejandro, e Antonio Rodrigues que participaram da passeata e das festividades em 1º de maio de 1950.

“ É um reencontro com a história. Rio Grande foi palco de muitas lutas operárias. Eles merecem ser lembrados, esse fato repercutiu em todo o Brasil, mas eles nunca foram lembrados como deveriam. A cidade de Caxias do Sul fez o 1º de maio em homenagem a eles que sacrificaram suas vidas pelo que acreditavam e hoje representam a luta pela classe operária. O 1º de maio na cidade sempre será marcado pelos fatos ocorridos em 1950, trata-se de uma marca indelével da luta dos comunistas e dos trabalhadores locais por uma sociedade mais justa e democrática”, lembrou Julio Martins.