“Nenhum homem é uma ilha, sozinho em si mesmo; cada homem é parte do continente, parte do todo; se um seixo for levado pelo mar, a Europa fica menor, como se fosse um promontório, assim como se fosse uma parte de seus amigos ou mesmo sua; a morte de qualquer homem me diminui, porque eu sou parte da humanidade; e por isso, nunca procure saber por quem os sinos dobram, eles dobram por ti”. – John Donne

domingo, 16 de maio de 2010


Eu e a Senhora Shirley Ferreira, única filha da tecelã Angelina Gonçalves, que na época com 10 anos estava ao lado de sua mãe durante a passeata e a viu ser alvejada e cair no chão, tendo sozinha que se proteger e fugir, no meio da multidão, até pegar um bonde e voltar para casa onde seu avô perguntou-lhe onde estava sua mãe?E ela respondeu o que havia acontecido e disse, inocentemente, que sua mãe voltaria logo.
Ao cair da noite sua madrinha veio até a casa de seu avô, o qual nunca mais viu, e a levou embora para sua proteção tiveram que esconde-lâ e dar fim a seus documentos.

História

No dia 1º de maio de 1950, em Rio Grande, foi realizado um churrasco de comemoração ao Dia do Trabalhador no local conhecido como Cassino dos Pobres, hoje Parque do Trabalhador. Lá encontravam-se trabalhadores dos diversos seguimentos laborais da época como: operários da indústria têxtil, portuários, trabalhadores da indústria da alimentação dentre outros.

Um grande número de trabalhadores após a apresentação de bandas musicais e vários discursos de oradores se dirigiu em caminhada para a sede da Sociedade União Operária, que se encontrava fechada pelo Governo. Os jornais da época falaram em 10 pessoas, quem participou relatou entre 400 e mil pessoas. O certo é que eram famílias inteiras. Mas o Departamento da Ordem Política e Social (DOPS) interceptou a multidão.

Em meio às discussões, iniciou-se um tiroteio. O resultado foi a morte com um tiro a queima roupa na cabeça da tecelã Angelina Gonçalves, que acabara de tomar de volta a bandeira brasileira que os policiais tinham retirado de outro manifestante. Outros três trabalhadores, o pedreiro Euclides Pinto, o ferroviário Osvaldino Correa e o portuário Honório Alves de Couto também são mortos a tiros. No confronto também morreu o soldado da Brigada Militar Francisco Reis.

Várias pessoas foram feridas: o vereador e estivador Antônio Rechia, ficou paralítico com um tiro na coluna, o operário Oswaldino Borges D’avila, e o também operário Amabílio dos Santos, precisaram ser hospitalizados. Muitos trabalhadores não foram aos hospitais para cuidar seus ferimentos para que não fossem presos.

No dia seguinte às mortes, houve uma grande comoção da população que acompanhou o enterro dos operários com as golas levantadas simbolizando o apoio da população aos mártires e suas causas. Os jornais da época registram que o cortejo contou com a participação de mais de cinco mil pessoas.

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