“Nenhum homem é uma ilha, sozinho em si mesmo; cada homem é parte do continente, parte do todo; se um seixo for levado pelo mar, a Europa fica menor, como se fosse um promontório, assim como se fosse uma parte de seus amigos ou mesmo sua; a morte de qualquer homem me diminui, porque eu sou parte da humanidade; e por isso, nunca procure saber por quem os sinos dobram, eles dobram por ti”. – John Donne

sábado, 10 de setembro de 2011

11 de setembro de 2001, o dia que começou em 1979 e ainda não terminou...


Parte I - Tentando entender a origem

Desde a década de 70 a hoje denominada República Islâmica do Afeganistão vive uma sangrenta guerra civil. Em 17 de julho de 1973, o rei Zahir Shah que estava em viajem na Itália, foi deposto por seu primo e primeiro ministro Daoud Khan que se aproveitando de sua ausência, pôs fim ao reinado que já durava quatro décadas, com um golpe onde não houve sequer derramamento de sangue. Khan foi morto em 1978 como resultado da Revolução Saur liderada pelo Partido Popular Democrático Comunista (PPDC) apoiados pelo exército afegão. Em 1979, atendendo a solicitação do PPDC que estava perdendo poder, a antiga União Soviética invadiu o Afeganistão, esse fato revoltou os muçulmanos, antes desse fato, eles entendiam a guerra como sendo um conflito entre “primos”, e a partir daquele momento viram-na como uma em defesa da civilização islâmica. Com o objetivo de expulsar o invasor grupos se organizaram e convocaram os islâmicos para a Jihad (guerra santa) , esses grupos chamados Mujahedins (grupos islâmicos de combatentes dispostos ao sacrifício da própria vida em nome de Allah e da religião) foram patrocinados, armados e treinados pelos Estados Unidos da América, que naquela época de “Guerra Fria” não queriam o avanço do socialismo no mundo.

Nessa época uma liderança começava a se destacar, Osama Bin Laden, e que após o fim da guerra, organizou juntamente com Ayman Al-Zawari e Abu Mussab Al-Zarqawi, a Al Qaeda com os muitos combatentes afegãos, e também, os vindos de outros países e que acabaram ficando por lá.

Após a retirada da URSS dos territórios afegãos, em 1989, mais uma vez o Afeganistão se viu em outra guerra civil, diferentes grupos locais que lutavam lado a lado contra o inimigo soviético disputavam o poder no país. Nesse momento dois grupos prevalecem: a aliança do norte que ficou com a faixa norte do país, enquanto outros grupos religiosos se juntaram e dominaram a maior parte do Afeganistão. Em 1994, os Talibãs propunham a união de todos os grupos e uma forma de governo baseado na religião e consolidaram-se no poder, a principio com o apoio da população, mas com o tempo com suas leis rígidas e perseguições às minorias étnicas os Talibãs começaram a ser temidos. Nesse momento Bin Laden, que estava no Sudão volta ao país.

A príncipio a Al Qaeda tinha o interesse na difusão e defesa do Islã em caráter local. Com a invasão, em 1990, de Sadan Hussein presidente do Iraque ao Kwait um país minúsculo, mas grande produtor de petróleo e o posterior início da Guerra do Golfo liderada pelos norte-americanos juntamente com uma coalisão de 29 países, dentre eles a Arábia Saudita. A Al Qaeda pretendia envolver-se no conflito contra Sadan Hussein considerado um infiel, depois que a Arábia Saudita permitiu que os EUA instalassem bases militares em seu território, Bin Laden deixa seu próprio país de origem.

Os muçulmanos entendiam que aquele era mais um conflito “de família” e que deveria ser resolvido entre eles, e uma intervenção de países do ocidente foi uma afronta a todo o povo islâmico, a guerra Iraque contra Kwait passou a ser entendida como Iraque contra Ocidente e consequentemente Islã contra o Ocidente, trazendo de volta um sentimento de conflito milenar, pois vem desde as cruzadas, entre a civilização ocidental (cristã) e o mundo muçulmano.

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