“Nenhum homem é uma ilha, sozinho em si mesmo; cada homem é parte do continente, parte do todo; se um seixo for levado pelo mar, a Europa fica menor, como se fosse um promontório, assim como se fosse uma parte de seus amigos ou mesmo sua; a morte de qualquer homem me diminui, porque eu sou parte da humanidade; e por isso, nunca procure saber por quem os sinos dobram, eles dobram por ti”. – John Donne

sábado, 30 de abril de 2011

O Dia do Trabalhador e os Mártires Operários Rio-grandinos

Comemorado no dia 1º de maio, o Dia do Trabalho ou Dia do Trabalhador é uma data comemorativa usada para celebrar as conquistas dos trabalhadores ao longo da história.
No dia 1º de naio de 1886, foi realizada uma manifestação de trabalhadores nas ruas de Chicago nos Estados Unidos da América, milhares de trabalhadores protestavam contra as condições desumanas de trabalho e a enorme carga horária pela qual eram submetidos, 13 horas diárias. A greve tinha como finalidade reivindicar a redução da jornada de trabalho para 8 horas diárias e paralisou os Estados Unidos.

No dia 3 de maio houveram vários confrontos entre trabalhadores e policiais, que resultou na morte de vários trabalhadores. No dia seguinte, uma nova manifestação foi realizada para protestar contra os acontecimento do dia anterior, com a presença maçiça dos trabalhdores os confrontos se intensificaram e uma bomba foi lançada por desconhecidos para o meio dos policiais que começavam a dispersar os manifestantes, matando sete agentes. A polícia abriu então fogo sobre a multidão, matando doze pessoas e ferindo dezenas. Estes acontecimentos passaram a ser conhecidos como a Revolta de Haymarket. Os oito organizadores da manifestação, militantes anarquistas, foram presos, julgados sumariamente e incriminados pelo acontecimento, mesmo na ausência de evidências que os conectassem com o lançamento da bomba. Uma grande campanha foi organizada para salvar os mártires de Chicago. Mesmo assim, quatro deles foram executados, um cometeu suicídio antes do enforcamento, e os três remanescentes receberam sentenças de prisão que foram revogadas em 1893, quando o governador concluiu que todos os oito acusados eram inocentes.

Monumento aos Mártires de Chicago: "Um dia nosso silêncio será mais forte que as vozes que hoje vocês estrangulam"

Em 20 de Junho de 1889, a segunda Internacional Socialista reunida em Paris decidiu por proposta de Raymond Lavigne convocar anualmente uma manifestação com o objectivo de lutar pelas 8 horas de trabalho diário. A data escolhida foi o 1º de Maio, como homenagem às lutas sindicais de Chicago. Em 1 de Maio de 1891 uma manifestação no norte de França é dispersada pela polícia resultando na morte de dez manifestantes. Esses novos acontecimentos servem para reforçar o dia 1º de maio como um dia de luta dos trabalhadores e meses depois a Internacional Socialista de Bruxelas proclama esse dia como dia internacional de reivindicação de condições laborais
.Em 23 de Abril de 1919 o senado francês ratifica o dia de 8 horas e proclama o dia 1° de Maio daquele ano, feriado. Em 1920 a Rússia adota o 1º de Maio como feriado nacional, e este exemplo é seguido por muitos outros países. Apesar de até hoje os estadunidenses se negarem a reconhecer essa data como sendo o Dia do Trabalhador, em 1890 a luta dos trabalhadores estadunidenses conseguiu que o Congresso aprovasse que a jornada de trabalho fosse reduzida de 16 para 8 horas diárias.

Mártires Operários Rio-grandinos

No dia 1º de maio de 1950, várias organizações de trabalhadores festejaram a data com um churrasco no local do então Parque Rio-grandense, localizado na rua Presidente Vargas e hoje é chamado de Parque do Trabalhado. Após as comemorações e manifestos na tribuna livre, os trabalhadores saíram em passeata pela Linha do Parque protestando pela reabertura da Sede da Sociedade União Operária (local de encontro dos sindicatos da época), que estava fechada por ordem do ministro da justiça desde maio de 1949.

Nas imediações do antigo campo do Esporte Clube General Osório (Localizado na Presidente Vargas próximo as capelas) a manifestação foi interceptada pelo delegado Evaldo Miranda do Departamento de Ordem Política e Social (DOPS), que exigiu a sua dispersão. Junto com Miranda estavam alguns policiais e soldados da Brigada Militar, que se encontravam dentro do estádio do Esporte Clube Rio Grande (Localizado na Buarque de Macedo), próximo ao local do confronto, que estava lotado devido a uma partida de futebol comemorativa contra o time carioca Vasco da Gama.

Mesmo sendo proíbidos pelas autoridades, o povo saiu as ruas para prestar suas últimas homenagens aos Mártires Operários Rio-grandinos

A partir dali começou uma briga com tiroteio, em que morreram três manifestantes: o pedreiro Euclides Pinto, o portuário Honório Alves de Couto e a tecelã Angelina Gonçalves. Também foi morto o ferroviário Osvaldino Correa, que havia saído do estádio de futebol em
apoio aos manifestantes. No confronto também morreu o soldado da Brigada Militar Francisco Reis.

Euclides Pinto

Várias pessoas ficaram feridas, tanto policiais quanto manifestantes, porém da parte dos manifestantes, muitos deles optaram por tratar seus ferimentos em casa com medo de que, ao irem buscar ajuda hospitalar, ficassem presos por envolvimento no conflito, o que dificulta qualquer dado mais preciso sobre este número. Um dos feridos foi o vereador comunista Antonio Rechia, que ficou paralítico.

Jornal da época

A noite, após o confronto, um ambiente de medo e insegurança parece ter sido construído na cidade. Logo após o enfrentamento, todos os efetivos da cidade, do Exército e Marinha foram chamados aos quartéis para plantão, colocando a cidade em estado de alerta. Os dois hospitais de Rio Grande, em que se encontravam vários manifestantes feridos, ficaram sobre forte cerco e vigilância do Exército, que foi chamado devido ao temor de um ataque para resgatar os manifestantes. Também foi proibida a entrada de pessoas para visitarem os feridos.

Angelina Gonçalves, sucumbiu segurando a Bandeira do Brasil por uma mão e com a outra sua filha Shyrlei de 10 anos


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