Entendo como justa e legitima a luta dos professores para que o governador pague esse direito conquistado através de lei, afinal o piso foi uma das bandeiras e promessa de campanha do Tarso, mas, acredito que o momento para deflagrar essa greve foi inadequado, estamos no final do ano letivo, isso prejudicará muito todos os estudantes, principalmente aqueles que estão se formando e que irão prestar vestibulares e também os que fizeram Enem, dependendo do tempo de duração da greve. Na própria assembleia de sexta-feira houve vertentes que defenderam que a paralização deveria ser em março, no início do próximo ano letivo, se até lá o governo não sinalizasse com uma proposta de implantação do piso. Talvez seja por esse entendimento que vemos o baixo número de professores que aderiram à greve, segundo a direção do Cpers a paralização será importante para possibilitar o debate nas escolas, mas acredito que isso já deveria ter sido feito muito antes. Entendo, também, que faltaram diálogo e aprofundamento do debate por ambas as partes, o sindicato quer a implantação imediata do piso e o governo propõe aumentos gradativos anuais até chegar a implantação total do piso em 2014.
No dia 27 de abril participei em Porto Alegre da 16ª Marcha dos Sem que saiu da Av. Farrapos em direção a Praça da Matriz em frente ao Palácio Piratini, o governador após assistir da sacada de seu gabinete a chegada da marcha, desceu e recebeu um grupo de manifestantes que queriam entregar-lhe um documento com as reivindicações da categoria, Tarso quis receber o documento em cima do caminhão de som e falar aos participantes da marcha em sua maioria professores e trabalhadores em educação, pois, no mesmo dia pela manhã havia sido realizado um ato público em frente a secretaria de educação, o governador foi impedido de subir no caminhão pelos organizadores alegando que aquele espaço era dos trabalhadores e não de patrão, muitos dos participantes discordaram dessa proibição e gritavam: “deixa subir”, mas não adiantou. Na minha opinião era uma excelente oportunidade de cobrar diretamente, cara a cara, olho no olho, mas também uma importante oportunidade de ouvir a resposta do governador, seus argumentos e qual solução ele apresentaria.
Não entendi e não aceitei os argumentos de que o governador não poderia utilizar aquele espaço por ser patrão, inclusive externei minha posição aos organizadores, realmente ele é o patrão dos funcionários estaduais, mas nós trabalhamos para elegê-lo, Tarso não é apenas um patrão ele é nosso representante, já participei de três Marchas dos Sem, e inúmeras outras manifestações iguais, ví Tarso, Olívio, Manuela e muitas outras lideranças em cima do palanque discursando e externando nossas lutas.
Espero realmente que as partes voltem as negociações o mais breve possível e que tenha o mínimo de prejuízo possível aos estudantes que é claro que são os que mais sofrem nessa situação, pois, além de terem que ir todos os dias a escola gastando passagens muitas vezes para assistir uma ou duas aulas e depois de acabada a greve ainda tem que recuperar, novamente tendo que gastar para irem a escola recuperar as aulas não dadas pelos grevistas.
Outro importante aspecto que deve se levar em consideração é o desgaste político que essa greve ocasionará a este governo, logo no seu primeiro ano, tenho certeza que mesmo com todos os problemas que hoje o governo Tarso enfrenta, ao seu final trará muito mais avanços para a categoria do que os governos anteriores de Yeda Crusius (PSDB) e Germano Rigotto (PMDB), não podemos esquecer que nos últimos anos nem o 13º salário conseguiam pagar, obrigando os funcionários estaduais a fazerem empréstimos no Banrisul.
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