Estou atualizando a postagem do dia 03.06.11 com íntegra do programa Globomar gravado em Rio Grande, para quem não pode ver na TV e ainda não viu, vale a pena conferir as imagens são lindas emocianantes.
O Globo Mar vai em direção à Lagoa dos Patos, a maior lagoa costeira da América do Sul, o Mar de Dentro. A Lagoa dos Patos faz parte da nossa paisagem desde Porto Alegre até a cidade de Rio Grande. Uma parte da lagoa é inundada pelo Oceano Atlântico e, junto com a água do mar, entram os bichos de água salgada, como botos, leões marinhos, aves, peixes e camarões.
Programa GloboMar - Parte I
Os pesquisadores da universidade Federal do Rio Grande nos convidaram para conhecer um mar diferente, um mar iluminado pela ciência: “É um ecossistema extremamente delicado. Nós precisamos manter as águas deste estuário em condições de oferecer a vida necessária para que as outras inúmeras formas de vida consigam sustentabilidade”, aponta o diretordo museu oceanográfico da FURG, Lauro Barcellos.
Logo cedo, partimos para acompanhar o trabalho de monitoramento dos botos. Os pesquisadores fotografam os animais para identificar cada um deles. Mas o grande desafio é fazer a coleta de material genético. Com uma flecha, com uma ponteira adaptada, eles coletam um pedaço de pele e gordura. “A gente coleta a pele basicamente para fazer estudo genético, para ver a relação dessa população com as populações subjacentes, e a gordura é para ver níveis de contaminantes”, diz o oceanógrafo Eduardo Secchi, da FURG. “É como uma injeção, uma picada de pernilongo”.
Depois, seguimos com os pesquisadores para observar outros animais: os leões-marinhos. Nessa época do ano, eles ficam nas pedras dos molhes da Lagoa dos Patos, no rio Grande do Sul, em busca de alimento e calor.
A Lagoa dos Patos é mesmo um paraíso com vários animais, mas não encontramos patos. “Como a Lagoa dos Patos é um lugar de aves aquáticas, inclusive de algumas parecidas com patos, como marrecos, os cisnes e os próprios biguás, muita gente, às vezes desinformada, fala que é por causa das aves aquáticas, mas, na verdade, patos era uma tribo indígena que habitava essa região da Lagoa dos Patos, na época que os colonizadores chegaram nessa região”, revela o biólogo Dimas Gianuca, da FURG.
As aves coroam as águas com um espetáculo. Uma delas é a garça-moura, a maior garça da América do Sul. Poleiros foram construídos na Lagoa dos Patos especialmente para as aves marinhas. “Essas aves descansam nos poleiros ou nas margens e se alimentam na área alagada”, diz o biólogo da FURG. “O camarão faz parte da dieta da grande maioria das aves aquáticas que tem aqui nessa região”
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Programa GloboMar - Parte II
Glenda acompanha pesca de camarão no Mar de Dentro
As redes da pesca de camarão, durante o dia, ficam suspensas na lagoa. À noite, elas vão para o fundo. Quando a noite chega, muitos brasileiros começam a trabalhar no Mar de Dentro. Encontramos com Seu Pedrinho quando ele estava baixando as redes. Nessa pescaria, a isca é a luz. Pedrinho usa lâmpadas elétricas para atrair os camarões para dentro da rede. E a lagoa vai se iluminando. Pedrinho tem que vistoriar as redes, e nos vamos com ele. Na primeira, descobrimos que o camarão tem companhia: vários siris. E ele vai enchendo o barco. De um lado, ficam os camarões. Do outro, os siris.
À meia-noite, a pescaria dá uma trégua. Seu Pedrinho vai descansar. E nós voltamos para o nosso barco. Mas e por pouco tempo. Logo, temos voltamos para a pesca e, quando retornamos, lá está seu Pedrinho trabalhando. De rede em rede, ele vai colhendo os frutos do mar. O dia vem raiando quando Pedrinho suspende as últimas redes. Segundo os cálculos do pescador, ele conseguiu uns 30 quilos de camarão.
A pesca dura quatro meses. Depois, é preciso esperar pela entrada dos camarõezinhos na lagoa. A reprodução acontece a, mais ou menos, 80 milhas da costa. Os ovos se transformam em larvas que entram na lagoa levadas pela água do mar. Os camarões jovens que não são pescados voltam para o oceano e assim começa tudo outra vez. A próxima safra depende desse ciclo.
Pesquisadores se unem para tentar antecipar próxima safra do camarão
Parceria entre pescadores e pesquisadores - Extra
O grande desafio dos pesquisadores é antecipar para os pescadores se a próxima safra será boa ou não. Por isso, biólogos, oceanógrafos e meteorologistas se uniram. E a equipe Globo Mar acompanha o trabalho desses pesquisadores que estudam os crustáceos da Lagoa dos Patos. “A primeira coisa que a gente faz quando chega na estação de coleta é o arrasto de fundo . Na nossa rede, a gente vai capturar diferentes tipos de crustáceos e peixes que vão ser depois usados para pesquisa, tanto na gravação quanto na pós-graduação”, afirma o oceanógrafo Luiz Felipe Cestari Dumont.
A salinidade é medida com um aparelho. “Para que a salinidade seja alta, depende de duas coisas: que não chova muito durante o ano e que exista bastante chegada de frente fria, com vento sul empurrando o mar para dentro estuário que faz com que esse estuário fique salgado”, aponta o biólogo Fernando D’Incao. A cada amanhecer, quando as lanternas da lagoa se apagam, na Boca da Barra, a água do mar se ilumina. É a Praia do Cassino, com mais de 250 quilômetros de praia. “Essa é uma praia gigantesca, uma das maiores praias do mundo, talvez a maior até. Exatamente por isso, tem uma navegação complicada, porque ela não oferece abrigo para o navegador. Quando você começa a navegar a área e é uma região em que o mar está mais sujeito a tempestades, frentes-frias, e você não tem onde se abrigar. Você não tem enseadas, baías. Você tem essa praia imensa e contínua que vai até o extremo do Brasil “, aponta o biólogo e consultor Marcelo Vianna, da UFRJ.
Há exatos 100 anos, vagonetas ajudavam na construção dos molhes, que são pieres de pedra que formam o canal do mar de dentro. Atualmente, elas servem para passear. Os molhes também abrem caminho para grandes navios. “Navios entram aqui e vão até Porto Alegre exatamente porque existe o molhe que mantém essa barra”, declara o biólogo e consultor Marcelo Vianna, da UFRJ. “A barra aberta também permite que a entrada de água salgada seja constante e com ela entra o camarão, o alimento, o leão-marinho, o boto. Ele mantém o mar de dentro vivo”.
Uso do liquinho - Extra
Lindo e emocionante o programa, mas na minha opinião faltou um grande detalhe, falar das atrocidades cometidas por alguns barcos pesqueiros aos animais marinhos, com a justificativa de que leões marinhos atrapalham a pescaria e estragam redes, eles fazem uma verdadeira carnificina.
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