Olga Benário: deportada por Getúlio Vargas e morta numa câmera de gás da Alemanha de Hitler (Foto: Reprodução)
A judia alemã começa cedo sua vida revolucionária. Filha de família burguesa de Munique, Olga entra aos 15 anos nas fileiras do partido comunista alemão. Aos 20, vem a primeira façanha: comandar o resgate – da cadeia de Moabit, em Berlim – de Otto Braun, namorado e companheiro de militância. A partir daí, torna-se uma das lideranças comunistas mais procuradas na Alemanha e exila-se com Braun em Moscou. Duas semanas após a chegada na Rússia, o casal participa de um curso de formação política, quando ela é chamada ao palco para dar seu depoimento sobre os eventos de Moabit. Emocionada, confessa: "Eu gostaria que vocês soubessem que ali cumpri duas tarefas: uma do partido e outra do coração".
As duas tarefas vão se impor ao longo da vida de Olga. O casamento com Braun não dá certo, mas ela ganha espaço no Komintern, o partido comunista soviético. Entusiasmada, faz curso de pára-quedismo e pilotagem de avião. A popularidade cresce e rende à militante, por aclamação, o cargo de presidente de sua célula no partido. Olga e Prestes ainda não se conhecem, embora um saiba das façanhas do outro – após ouvir um latino-americano relatar o caso da 'Coluna Prestes', ela fica impressionada com o feito: 25 mil quilômetros a pé, enfrentando tropas regulares do governo, sem sofrer uma derrota.
Brasil
Olga é fiel ao Komintern. E assim, por ordem do partido, em 1934 é designada para garantir a chegada segura ao Brasil de Luís Carlos Prestes, que retorna ao país para derrubar Getúlio Vargas e levar os comunistas ao poder. Para não levantar suspeitas, Prestes e Olga se passam por marido e mulher, sob as identidades de Antônio Vilar e Maria Bergner Vilar - em sua atuação política, ela usa outros nomes: Olga Sinek, Eva Kruger, Olga Vilar, Ivone Vilar, Olga Meireles. No caminho até o Brasil, que inclui uma passagem pelos Estados Unidos, os dois apaixonam-se. Prestes, que tem 37 anos – ela está com 26 -, revela, mais tarde, que Olga foi sua primeira mulher.
A chegada do casal ao Brasil acontece em abril de 1935. Aqui, fica na clandestinidade, enquanto organiza o plano de tomada do poder. O nome de Prestes é aclamado nas manifestações populares da Aliança Nacional Libertadora (ALN), frente antifacista que reúne diversos setores de esquerda, entre os quais os comunistas. Em novembro de 1935, os preparativos insurrecionais caminham, quando um levante armado estoura em Natal e leva Prestes a ordenar, precipitadamente, que o movimento seja estendido ao resto do país. Só algumas unidades militares de Recife e Rio de Janeiro levantam-se. O movimento falha e o governo desencadeia forte repressão.
Prisão
Durante alguns meses, Olga e Prestes ainda vivem na clandestinidade, mas em março de 1936, ele é descoberto em uma casa no bairro do Méier. Na ocasião, Olga realiza mais uma tarefa do coração. Quando soldados e policiais civis recebem ordem para atirar e avançam de metralhadoras engatilhadas, algo inesperado acontece: uma mulher alta, de grandes olhos azuis, pula na frente de Prestes e usa o corpo para proteger o marido. "Não atirem! Ele está desarmado". O gesto de coragem de Olga, salva a vida do marido. Na rua, ela agarra com força o corpo de Prestes e não aceita ser levada à cadeia em carro separado, temendo pela vida do marido. Mas, na sede da Polícia, os dois são separados. Ele é colocado num pequeno elevador e, antes da porta gradeada fechar, olham-se pela última vez.
A partir daí, Olga vive seu maior inferno. Na cadeia, descobre que está grávida e empreende grande luta para ter sua filha no Brasil. São feitos apelos até à dona Ivete Vargas, esposa de Getúlio. Tudo em vão. Com o empenho do presidente - uma vingança pessoal contra Prestes -, Olga é deportada para a Alemanha no sétimo mês de gravidez. É levada a uma prisão da Gestapo. Na madrugada de 27 de novembro de 1936, exatamente um ano após a "intentona", nasce Anila Leocádia. Apesar de tudo, é um bebê gorducho e saudável.
Olga tem permissão de ficar com a filha enquanto puder amamentá-la – depois, o destino quase certo da menina será um orfanato. Antes que isso aconteça, dona Leocádia, mãe de Prestes, faz campanha na Europa pela libertação do filho, da nora e da neta. Tenta o apoio da família da nora: viaja à capital da Baviera, mas, ao chegar na casa da mãe de Olga, encontra uma mulher que rejeita a própria filha. Mesmo assim, Leocádia tem uma vitória parcial. Quando Anita completa 14 meses, é tirada da mãe, que não sabe o destino da filha. Mais tarde, soube que Anita estava com a avó paterna.
Em 1938, Olga é transferida para o campo de concentração de Lichtenburg. Um ano depois, vai para o campo de Ravensbrück. Sua liderança aparece mesmo nas horas mais difíceis. Lá, é líder de bloco e dá aulas para outras presas, ainda alimentando a esperança de ser libertada e de reencontrar o marido e a filha. Não demora a descobrir que terá outro destino, mais trágico. Ela morre em uma câmara de gás de Bernburg, no dia 12 de fevereiro de 1942. Na véspera da execução, prevendo ter chegado sua hora, encontra forças para fazer uma carta de despedida para o marido e a filha. A carta só seria lida por Prestes e Anita muitos anos depois.
Texto: Evaldo Lima - Professor de história
AMOR E REVOLUÇAO E O NOME DE UMA NOVELA QUE ESTA
ResponderExcluirPASSANDO NA TV SBT E CONTA TUDO SOBRE A DITADURA
PARA QUEM NAO VIVEU A EPOCA DEVE ACISTIR, POIS
FOI VIVIDO EM NOSSO PAIS.
LEDA