Vlado Herzog nascido na Iugoslávia (atual Croácia) em 27 de junho de 1937, filho de um casal judeu que com o intuito de escaparem do Estado Independente da Croácia que era controlado pela Alemanha Nazista e pela Itália Facista decidiram emigrar para o Brasil na década de 40.
Herzog se formou em filosofia pela USP em 1959. Trabalhou em importantes órgãos de imprensa no Brasil, nessa época resolveu passar a assinar “Vladimir” por achar que “Vlado” era muito exótico. Na década de 1970, assumiu a direção do departamento de telejornalismo da TV Cultura, de São Paulo. Também foi professor da Escola de Comunicações e Artes da USP e, nessa época, também atuou como dramaturgo, envolvido com intelectuais de teatro. Em sua maturidade, Vladimir passou a atuar politicamente no movimento de resistência contra a ditadura militar no Brasil (1964-1985), como também no Partido Comunista Brasileiro (PCdoB).
"Quando perdermos a capacidade de nos indignarmos com as atrocidades praticadas contra outros, perdemos também o direito de nos considerarmos seres humanos civilizados" - Vladimir Herzog
Em 24 de outubro de 1975 agentes do II Exército convocaram Vladimir para prestar depoimento sobre as ligações que ele mantinha com o Partido Comunista Brasileiro (que era proibido pela ditadura). No dia seguinte, Herzog compareceu espontaneamente ao pedido. Durante o depoimento Herzog foi brutalmente torturado e espancado até a morte. Ele estava preso com mais dois jornalistas, George Benigno Duque Estrada e Rodolfo Konder, que confirmaram o espancamento.
No dia seguinte, Vladimir foi encontrado enforcado com a gravata de sua própria roupa. Embora a causa oficial do óbito, divulgada pelo governo ditatorial da época, tenha sido suicídio por enforcamento, há consenso na sociedade brasileira de que ela resultou de tortura, com suspeição sobre servidores do DOI-CODI, que teriam posto o corpo na posição encontrada, pois as fotos exibidas mostram Vlado enforcado. Porém, nas fotos divulgadas há várias inverossimilhanças. Uma delas é o fato de que ele se enforcou com um cinto, coisa que os prisioneiros do DOI-CODI não possuíam. Além disso, suas pernas estão dobradas e no seu pescoço há duas marcas de enforcamento, o que mostra que supostamente sua morte foi feita por estrangulamento. Na época, era comum que o governo militar ditatorial divulgasse que as vítimas de suas torturas e assassinatos haviam perecido por "suicídio".
Sua morte causou impacto na ditadura militar brasileira e na sociedade da época, marcando o início de um processo pela redemocratização do país. Segundo o jornalista Sérgio Gomes, Vladimir Herzog é um "símbolo da luta pela democracia, pela liberdade, pela justiça." Gerou uma onda de protestos de toda a imprensa mundial, mobilizando e iniciando um processo internacional em prol dos direitos humanos na América Latina, em especial no Brasil, a morte de Herzog impulsionou fortemente o movimento pelo fim da ditadura militar brasileira. Após a morte de Herzog, grupos intelectuais, agindo em jornais e etc., e grupos de atores, no teatro, como também o povo, nas ruas, se empenharam na resistência contra a ditadura do Brasil. Diante da agonia de saber se Herzog havia se suicidado ou se havia sido morto pelo Estado, criaram-se comportamentos e atitudes sociais de revolução. Em 1976, por exemplo, Gianfrancesco Guarnieri escreveu Ponto de Partida, espetáculo teatral que tinha o objetivo de mostrar a dor e a indignação da sociedade brasileira diante do ocorrido.
[...] Poderosos e dominados estão perplexos e hesitantes, impotentes e angustiados. Contendo justos gestos de ódio e revolta, taticamente recuando diante de forças transitoriamente invencíveis. Um dia os tempos serão outros. Diante de um homem morto, todos precisam se definir. Ninguém pode permanecer indiferente. A morte de um amigo é a de todos nós. Sobre tudo quando é o Velho que assassina o Novo. - Gianfrancesco Guarnieri
Vladimir era casado com a publicitária Clarice Herzog, com quem tinha dois filhos. Com a morte do marido, Clarice passou por maus momentos, com medo e opressão teve que contar para os filhos pequenos o que havia ocorrido com o pai. A mulher, três anos depois, conseguiu que a União fosse responsabilizada, de forma judicial, pela morte do esposo.
Em 2009 o jornal Folha de São Paulo em seu editorial de 17 de fevereiro com o claro objetivo de amenizar as atrocidades cometidas pelo regime militar, classificou-o como "ditabranda", fato esse que gerou muita indignação e protestos, servindo apenas para demonstrar claramente a "simpatia" que esse jornal tinha pela DITADURA militar.
Foto de Herzog morto e a charge de Latuff ironizando as declarações do Jornal Folha de São Paulo.
Hoje, 36 anos após sua morte, o Ministério da Cultura e o instituto Vladimir Herzog lançam o livro As Capas dessa História".
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